segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

RETROSPECTIVA (I)



Eu espero que a cidade de Pirenópolis cresça sempre, mas preserve-se, melhore sem modificar sua essência, amplie-se com responsabilidade e planejamento. Sei que não podemos estagnar no tempo, voltar aos primórdios, quando tínhamos poucas ruas no centro e alguns casebres na periferia. A população pirenopolina aumentou bastante nos últimos anos, deu um salto quantitativo e obrigou a cidade a se estender por lugares antes inabitáveis. Esse aumento populacional se deve, obviamente, ao sucesso do empreendimento turístico. A cidade se torna mais visitada porque aparece em novelas, filmes, documentários, é cantada em música ou descrita em livros. Não é raro ver ônibus de excursões no meio da semana, realidade bem diferente de outras décadas, quando apenas as festas atraíam turistas para cá. Agora tem público todo dia.


Pirenópolis precisa se organizar melhor para receber esses visitantes e ao mesmo tempo manter sua qualidade de vida e preservar sua história e natureza. Não é bom que se construa nos morros que circundam a cidade, pois isso quebra a harmonia do conjunto – faz bem para o pirenopolino olhar, por exemplo, para a região do Frota ou do Santa Bárbara e interagir com o verde onipotente da natureza. Também não se deve edificar nas margens do Almas e córregos que cortam a zona urbana, já que exemplos da resposta da natureza estão todos os dias no noticiário mundial.


Cadê o Plano Diretor? Porque não o publicam e distribuem gratuitamente? Temos que conhecer nossos limites e caminhar com organização e responsabilidade. Não é em qualquer lugar que se pode construir. Nem se deve desrespeitar as regras do tombamento do nosso conjunto arquitetônico. Por outro lado, os responsáveis por fazer cumprir tais regras precisam sair dos gabinetes e interagir mais com a população, conscientizar, ceder em alguns itens para que todos ganhem no conjunto final.


Tenho cá comigo esperança no futuro de Pirenópolis. Sobrevivemos a tantos revezes, isolados e à própria sorte, que seria irônico desaparecermos nestes tempos modernos. Quando digo desaparecer, obviamente, falo do fim do pirenopolino autêntico, que tem no espírito aquele arrepio esquisito cada vez que ouve a banda Fênix ou o soluçar dos sinos das igrejas. Do contrário, seremos apenas fantoches para turista ver, a exemplo de muitos lugares por este Brasil afora.


Este blog é um espaço de esperança. Cada matéria que aqui publico tem a finalidade de salvar um pedacinho da velha Meia Ponte, de acrescentar em vez de destruir, para que as gerações futuras herdem de nós o ouro reluzente do preciosíssimo tesouro cultural.


by Adriano César Curado


4 comentários:

  1. Bonita mensagem de fim de ano, escritor. Eu também espero ver uma Pirenópolis melhor e mais justa, com a igualdade de desenvolvimento espalhada por todos os bairros da cidade, e não apenas aonde vão os turistas. Pedro de Assim Porto

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  2. O plano diretor de Pirenópolis ainda não foi aprovado, está em discussão na Câmara de Vereadores. Marcílio Nunes S.

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  3. À título de contribuição, o Plano Diretor foi aprovado em 2002. Veja ele aqui - http://www.pirenopolis.go.gov.br/condema/arquivos/lei002-02.pdf. Infelizmente, até hoje, ele foi pouquíssimas vezes observado e atendido pelos prefeitos e secretários, que, pelo que parece, o desconhecem. O que precisa ser feito é a execução do mesmo, a observância da gestão participativa e a criação do Sistema de Acompanhamento e Controle, com conselhos, audiências, seminários e a participação democrática exigida pela Constituição Brasileira. Parece que nossos políticos ainda não aceitaram a determinação de nossa constituição federal que impõe aos mesmos a participação da população em qualquer decisão sobre a política municipal e desenvolvimento urbano do município. Em suma, nossa gestão pública ainda está no século passado, para trás de 1988. Será que eles querem, por se tratar de uma cidade histórica, voltar ao tempo do guarda-mor ou comendador tenente-coronel?

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  4. Á título de sugestão ao Blog,sugiro desenvolver avaliações sensitivas, valorativas e icônicas, no sentido de discutir que elementos são fundamentais no estabelecimento da imagem da cidade e do seu patrimônio,e quanto à melhoria da infra-estrutura física e do desenvolvimento econômico e turístico da cidade, e quanto à salvaguarda de sua, tão referenciada história e tradições culturais.

    Existem órgãos do municipio que tratam destas questões. - A pergunta é : Estão esses orgãos(secretarias municipais) tratando dessas questões? Não a meu ver.

    pPercebe-se que longo do século XX, o tempo ganhou o poder de acelerar as transformações dos hábitos e redesenhar o cotidiano e o espaço doméstico. Se por um lado tais transformações estremeceram as relações entre os indivíduos, por outro elas produziram ambientes mais práticos e indivíduos com maior acesso aos conhecimentos e meios de comunicação, transformando e gerando novos modos de habitar que por sua vez, são respostas e reflexos das alterações nos modos de pensar contemporâneo.

    Com o pressuposto de que o comportamento dos gestores públicos depende de transformações imediatas, concordo plenamente com o senhor Mauro Cruz.

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