terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A revitalização do centro

Montagem fotográfica para mostrar como ficaria, aproximadamente, o Largo da Matriz sem o Salão Paroquial, a Casa do Padre, a Praça Central e o Prédio dos Correios.

Recentemente, surgiu um sensacional projeto de revitalização do centro de Pirenópolis. A ideia era demolir o Salão Paroquial e a casa do padre, retirar a praça Central e trazer de volta o velho largo. Pensou-se em construir outro Salão Paroquial, agora com arquitetura semelhante à colonial, ao lado da Matriz, em frente ao casarão de Solon Fleury, e em vez da praça de pedra, teríamos o largo revitalizado.


Não é o ideal, obviamente, pois melhor que retirassem dali tudo que foi acrescentado depois da década de 1960, mas melhor o pouco que nada. A dificuldade maior foi mesmo convencer a Igreja Católica, que se julga proprietária de toda a região, a concordar com o pioneiro projeto. Só para se ter uma ideia desse empecilho, no ano 2000 a Diocese de Anápolis protocolou uma ação judicial de usucapião para que toda a praça Central fosse declarada de sua propriedade. Perdeu o processo porque o Ministério Público provou que se trata de terreno do Município de Pirenópolis, e portanto não passível de sobre ele se obter posse, por determinação da Constituição Federal.





Com a troca do bispo de Anápolis, mudou-se também a mentalidade e a Igreja finalmente concordou com a revitalização do largo. Um acordo foi então selado e firmado, em 2004, um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre o Ministério Público Federal no Município de Anápolis, o Ministério Público Estadual, o Município de Pirenópolis, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a Diocese de Anápolis. O objetivo era o de proporcionar maior visibilidade ao conjunto dos bens tombados ao redor do Largo da Matriz.


Ficou acordado que o Município de Pirenópolis repassaria R$ 1 milhão, a Diocese R$ 90 mil e a empresa Corumbá Concessões Ltda. R$ 140 mil para a execução das obras. O Iphan prestaria assistência técnica e fiscalizaria a execução dos projetos.





Fotografia de Gizelle Garcia mostra visita do Ministro do Turismo, Luiz Barreto, a Pirenópolis, em 8.10.2009, ocasião em que lhe foi apresentada revitalização do largo. Na imagem, além do Ministro, o deputado federal Rubens Ottoni, o prefeito Nivaldo Melo, o vice-prefeito Tassiano Brandão e Salma Saddi, do Iphan.


O recurso foi depositado em conta bancária. Tocou à prefeitura de Pirenópolis a licitação da obra, mas tal não ocorreu. Passou-se o tempo e o dinheiro agora já não dá mais para a execução do projeto original. Ou seja, por incompetência ou desinteresse do Poder Público, Pirenópolis deixará de receber um sensacional presente, que é a revitalização do Largo da Matriz.


Como o dinheiro se desvalorizou, terão que adequar o projeto original, e parece que a coisa será ruim. De acordo com o manifesto do pároco de Pirenópolis, só farão mesmo um remendo no Salão Paroquial, que ficará onde está, bem ali no fundo da Matriz. Certamente que não irão intervir na praça, nem na casa do padre etc. Tudo como dantes, no quartel de Abrantes!



Imagem de satélite mostra a Praça Central na atualidade

Se analisarmos as imagens obtidas por satélites, notaremos como é agressiva a presença das bizarras construções na região do largo. Um claro desafino na melodia suave dos casarões herdados dos antigos que nos precederam.


Depois da assinatura do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) acima descrito e como não houve qualquer movimentação do Poder Público para a solução do problema de revitalização do largo, no dia 13.6.2008 foi assinado um termo aditivo ao TAC para forçar o Município de Pirenópolis a cumprir o pactuado.



Na imagem de satélite, (1) é a Matriz, (2) o Salão Paroquial, (3) a Praça Central, (4) a Casa do Padre.



Nesse termo aditivo, que pode ser obtido na íntegra na internet (http://www.prgo.mpf.gov.br/imprensa/not614-TAC.pdf), lê-se que a Diocese de Anápolis, proprietária do Salão Paroquial, concorda com a sua demolição, que o Iphan já concluiu o projeto, e que parte do dinheiro já estava, naquela data, disponível. Faltava mesmo, pelo visto, apenas a licitação da obra.


Fonte:

ALMEIDA, Mirim de Lourdes. A cidade de Pirenópolis e o impacto do tombamento. Dissertação de pós-graduação disponível em: http://repositorio.bce.unb.br/bitstream/10482/3493/1/Miriam%20de%20Lourdes%20Almeida_Parte1.pdf, acessado em 18.01.2011.


3 comentários:

  1. Caro poeta, em que pesa a fina pena com que compõe seus textos, sinto informar-lhe que você perde tempo precioso com esses assuntos.

    Não há mais salvação para pirenópolis, e a Terra dos Pireneus terá que dobrar-se aos novos tempos.

    Seus velhos casarões, em pouquíssimo tempo, serão apenas um esboço do que já foram um dia, pois a modernidade fará com que sejam demolidos aos poucos e, em seu lugar, levantadas casas mais modernas, embora "parecidas".

    Suas ruas jamais voltarão a ser silenciosas e tranquilas, como você quer, pois o som automotivo veio para ficar e nunca a PM conseguirá controlá-lo.

    Os turistas? Esqueça as famílias bonitinhas que um dia visitaram esta linda terra. A proximidade cada vez mais com o DF trará para cá a sua gente feia, que lhe habita o entorno e será nosso eterno estorvo.

    Portanto, caríssimo poeta, o melhor a fazer é não esquentar muito a cabeça com essas modernidade inevitáveis. Se quisermos um lugar mais calmo e sereno, teremos que buscar outras paragens, como a visinha Corumbá, por exemplo. A própria Cidade de Goiás, que embora seja Patrimônio da Humanidade, também é pacata e calma. Somente nossa amada Pirenópolis foi picada pela modernidade, e isso será sua redenção e seu fim.

    É com grande dor que escrevo este comentário aqui. Também gostaria de ter de volta minha terra, como a conheci na infância, mas a realidade está bem aí diante dos nossos olhos. O reveillon foi uma amostra macabra do que falo.

    De qualquer forma, valem seus textos pela discussão que trazem e pela poesia do sonho.

    Valéria de Siqueira

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  2. Caro Adriano César,

    A história para muitos é apenas uma matéria escolar ou coisa que o valha, para outros um motivo para sair do sofá e ir em um museu, e pior, para muitos é inútil.

    Mas para mim não, a história sempre estará presente em nossas vidas. Nos traz importantes fatos, e porque não trazê-los para o conhecimento da sociedade, nem que seja para uma reflexão.

    As pessoas precisam ter informações de sua história e de suas memórias. Povo sem memória!

    Acho que para tudo tem um jeito, não existem problemas sem solução. O municipio pode crescer e desenvolver dentro de uma consciência positiva.

    Claro com a participação efetiva da sociedade do lugar. O que está faltando para a bela Pirenópolis. ao meu ver, é a vontade politca dos gestores públicos no que tange a prevenção de educação social, um mecanismo que regula o turismo e que eles(comandantes)deixem de oba-oba.

    Pirenópolis tem tanta gente boa que pode dar um belo salto para a modernidade sem esquecer a sua história e a vontade do povo.

    Sabemos das próximas eleições em 2012, iremos eleger Prefeito;Vice e veradores. Pirenópolis está cheia de grandes homens voltados e interessados em seu desenvolvimento com qualidade de vida. Podem ter certeza.

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  3. Admiro muito a força da sua prosa, caríssimo escritor Adriano César Curado, mas, cá para nós, sinto que você é um inocente ao acreditar nas promessas que os governantes e demais compronentes da trupe nos fazem. Largo da Matriz bonitinho? Só em sonho. Pedro de Albuquerque Camargo.

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