segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Caminhões no Centro Histórico (Parte I )

Caminhão estacionado na lateral da Matriz


     O trânsito de caminhões no Centro Histórico de Pirenópolis é cada vez mais intenso. Apesar da existência de muitas placas de advertência, os motoristas simplesmente ignoram a proibição e continuam a transitar pela cidade.





     Em apenas uma semana de janeiro de 2011, e ao sabor do acaso, fotografei todos os flagrantes de desrespeito que estão nesta página e na próxima. Mas isso não é mérito meu, pois é facílimo ver um caminhão em trânsito pelas ruas estreitas, com suas carrocerias que sacolejam nas pedras irregulares do calçamento.


Caminhão estacionado na contramão no Centro Histórico


     O resultado disso, obviamente, é que o patrimônio histórico é seriamente atingido. As paredes de adobe e pau-a-pique dos casarões não foram construídas para suportar o impacto desses veículos pesados. Basta colocar a mão numa dessas paredes quando passar um caminhão e você bem compreenderá o que falo.


Caminhão na rua do Rosário


     A situação já foi bem pior, é verdade. Pirenópolis é uma cidade que ainda tem como principal fonte arrecadadora a extração de pedras. E nas décadas de 1970, 80 e 90, por questões econômicas, a produção industrializada desse minério foi ainda mais intensa. Então o caminhões carregados subiam a rua do Rosário, geralmente com os peões em riba da carga, como se fosse a coisa mais comum do mundo.


Caminhão no Centro Histórico com pessoas na carroceria


     Com o crescimento do turismo na cidade, nos anos 2000 tornou-se imprescindível regulamentar o trânsito de veículos de carga no Centro Histórico. Para a proteção dos turistas e moradores, do patrimônio material e dos eventos em logradouros públicos, proibiu-se o trânsito de caminhões pelas ruas principais da cidade. E para garantir o cumprimento da determinação, estacas foram fincadas com 2,3 metros de largura máxima permitida.





     Acontece que logo surgiu um problema. Os caminhões de entrega de mercadoria, principalmente de bebidas, não podiam passar e a todo momento incomodavam um funcionário da Prefeitura Municipal para retirar o toco e depois recolocá-lo no lugar. A solução mais sensata para esse problema seria a criação de pequenos distribuidores de mercadoria, caminhões de pequeno peso ou caminhonetes, que transitariam pelo Centro Histórico sem causar maiores transtornos.





     Mas em Pirenópolis nada é fácil de resolver. Então alguém decidiu retirar, em frente à Prefeitura Municipal, as estacas que limitavam a entrada e saída de veículos pesados, na avenida Joaquim Alves. Era para passar apenas os caminhões de entrega, mas no fim virou festa. Agora qualquer veículo, não importa o tamanho, transita pela cidade com naturalidade, em absoluto desrespeito às placas de sinalização.




     E onde não há fiscalização, impera o caos, cada um faz a própria lei e corremos o risco de voltar à barbárie. O Estado precisa assumir seu papel fiscalizador e repressor, para se impor sobre os administrados e assim recalcar as vontades individuais em prol do bem coletivo. Somente dessa forma viveremos numa sociedade melhor, onde o direito de poucos nunca se elevará sobre o bem estar de todos.








Estacas na rua Santa Cruz limitam o trânsito de veículos pesados

Bitola máxima permitida no Centro Histórico

Adriano César Curado

7 comentários:

  1. Parabéns pela excelente matéria...apenas me da uma tristeza saber que com a continuidade da falta de fiscalização por parte do poder público municipal nossa bela Pirenópolis tende a perder o que de mais bonito possui, que são as ruas de pedra e os casarões históricos. Wanessa Carvalho.

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  2. Fabrícia L. Lourenço14 de fevereiro de 2011 às 10:05

    Sábado passado (12.2) um caminhão bateu no meu carro estacionado na ladeira da rua do Rosário. Eu não estava lá e quando cheguei só encontrei o estrago. Vou ter que pintar todo o lado esquerdo. Sei que foi um caminhão porque funcionárias duma lojinha em frente me contaram, embora não tenham anotado a placa. É um absurdo deixarem esses caminhões no centro histórico de pirenópolis. Eles não cabem lá. E quem vai pagar meu prejuízo? Vou processar alguém!

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  3. Prezado Adriano César Curado,

    Boa tarde!

    Gostaria de parabenizá-lo pela excelente reportagem sobre os caminhões no centro histórico da bela Pirenópolis.

    Além de amplamente registrada com fotos fornece diversos elementos e mostra o quanto tem se buscado fazer para inibir esses verdadeiros crimes contra o patrimônio.

    Estamos indignados com a situação. Realmente sentimo-nos "abraçados", quando vemos pessoas atuantes que procuram ajudar a comunidade e o próximo e preservar o nosso patrimônio histórico.

    Parabéns. Pessoas como você é que nos mostram que o mundo pode ser um lugar melhor.

    Fortíssimo abraço.

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  4. Caríssimo Adriano,

    Sua matéria sobre os caminhões é muito boa, ilustrada com fotos que não deixam dúvidas e ainda abre espaço para amplo debate sobre o tema.

    Pena que o Poder Público responsável não se manifeste sobre o assunto. É um silêncio constrangedor e talvez até suspeito.

    Mas e o Ministério Público? Os promotores da Justiça Federal e Estadual não têm atribuição concorrente para lidar com esse assunto?

    Meus parabéns pelo polêmico texto.

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  5. Rosa Meireles da Cunha15 de fevereiro de 2011 às 08:53

    Senhor Adriano,

    Não leve a mal meu comentário, mas preciso fazê-lo. Por que você se preocupa tanto com esses problemas de Pirenópolis? Sei que a cidade os tem e que precisam ser debatidos, mas daí perder tanto tempo com assuntos tais, é meio exagero.

    Você transformou seu blog, que tinha finalidade culturais, é um sítio de debates sobre os problemas de uma cidade, enquanto poderia atrair bem mais gente se falasse, por exemplo, das cachoeiras, dos museus, das festas etc.

    Com o som automotivo eu até concorco com você. É preciso pôr um fim nisso de vez. Mas com o restante, perdão ser intrometida, acho que você passa dos limites que lhe são traçados.

    Mais uma vez peço perdão se falo demais. Porém imagino que você tenha inspiração de sobra para compor obras magníficas, pintar verdadeiros paineis históricos de Goiás, mas desperdiça energia.

    É a questão que coloco.

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  6. A cultura está diretamente ligada as questões sociais. O que inspirou Gil e Chico Buarque a escreverem canções magníficas durante do regime militar? O que viviam na época, e carecia ser questionado. Não há como dissociar os caminhões trafegando no centro histórico, da própria história e cultura de Pirenópolis, quando ele contribuem para destruição do que fora tombado e está sendo esquecido pelas autoridades. O lamento transcrito na matéria, é uma demonstração de que não basta se falar somente das belezas ficando silente para os problemas da cidade. Parabéns pela matéria, e fica aqui também o meu lamento, de que o tempo passa e os problemas continuam os mesmos...
    Luís Eduardo

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  7. João Pedro de Alencar Silva15 de fevereiro de 2012 às 13:01

    Já faz um ano dessa sua postagem-denúncia e até hoje ninguém tomou providência alguma. A cidade não tem prefeito, promotor de justiça ou comandante da PM?! Enfim, a cidade não tem ninguém?1

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