quarta-feira, 25 de maio de 2011

O sagrado e o profano; a realeza e o popular; a diversidade e a singularidade.

Imagem extraída do folheto da programação da festa 2011


     Eleita pelo Iphan como patrimônio cultural imaterial, em 15 de abril de 2010. Acontece de 27 de maio a 14 de junho, com realização da Prefeitura Municipal de Pirenópolis e Paróquia Nossa Senhora do Rosário, e patrocínios do Governo do Estado de Goiás, Banco Itaú e do Iphan, no Centro Histórico e povoados, a 192ª Festa do Divino de Pirenópolis.

     A Festa do Divino Espírito Santo de Pirenópolis, considerada uma das mais expressivas celebrações do Espírito Santo no país, pelo grande número de rituais, personagens e componentes, como as Cavalhadas de mouros e cristãos e os Mascarados montados a cavalo, vem sendo realizada anualmente desde 1819. Os rituais têm início na Páscoa e seguem até o domingo seguinte ao feriado de Corpus Christi, o clímax da Festa se dá no Domingo de Pentecostes ou do Divino, cinquenta dias após a Páscoa, com as Cavalhadas.

     Enraizada no cotidiano dos pirenopolinos, a Festa do Divino Espírito Santo de Pirenópolis é a mais rica expressão da religiosidade popular da cidade, determinando padrões de sociabilidade, consolidando-se como elemento fundamental de sua identidade cultural, onde os moradores se dedicam e se preparam ao longo de um ano inteiro para festejar e participar desta celebração histórica, considerada seu maior bem cultural.

    As festas de santos, de devoção religiosa cristã e como expressão da cultura popular, foram trazidas por jesuítas e colonos açorianos e se popularizaram por todo o país. Aqui, se fundiram aos cultos de matriz africana, às crenças religiosas indígenas e encontraram a celebração judaica de Pentecostes ou Domingo do Divino.

     Desde sua origem em Portugal, a figura mais importante da Festa do Divino é a do Imperador, escolhido a cada ano por sorteio entre os homens ou meninos da sociedade, atualmente independe de classe social. O Imperador, a quem cabe toda a responsabilidade de promover e cuidar para que tudo se realize com ordem, incentivando, angariando fundos e mobilizando a população nos afazeres da festa, tem como principais atributos a generosidade, a hospitalidade e a distinção.

     Vários ritos em uma mesma festa, com destaque para três grandes fases: As Folias, O Império e As Cavalhadas. As diferentes manifestações mesclam festejos religiosos e profanos, como Folias na roça e na cidade, Alvoradas com as bandas de Couro e de música Phoenix, grupo de Congado, Repique de Sinos e descarga de Roqueiras, Missas, apresentação de grupos de Tradições Regionais, Procissões, Novenas, cortejos do Imperador, Reinados e Juizados, a peça teatral “As Pastorinhas” e as tradicionais Cavalhadas.

     O costume de se homenagear o Divino Espírito Santo vem do tempo do Brasil Colônia, sendo encontrado em várias cidades por todo o país, principalmente naquelas onde a mineração, somada a mão de obra de índios e de escravos. Em Goiás, as festas foram se difundindo a medida que a Igreja ia ocupando espaço nos arraiais emergentes em função das descobertas auríferas, a partir do século XVIII.

     O símbolo da festa é uma mandala de fogo com uma pomba branca ao centro. A pomba significa o Divino Espírito Santo e a mandala de fogo o momento em que o Espírito Santo desceu sobre os apóstolos, a Pentecostes. As cores da festa, branco e vermelho, significam paz e o sangue de Jesus.

     A Festa do Divino chega ao seu final com as Cavalhadas, que têm início na manhã do domingo de Pentecostes, cinquenta dias após a Páscoa, e vão até terça-feira à noite. Num autêntico quadro vivo, as Cavalhadas evocam batalhas medievais entre mouros e cristãos em uma complexa encenação equestre em honra do Imperador e do Espírito Santo: De um lado, vestindo azul, o rei cristão: Carlos Magno e os doze pares da França; do outro, o rei mouro, o Sultão da Mauritânia, com seu "exército de infiéis" trajando vermelho. As Cavalhadas chegam ao seu final quando cristãos e mouros, já batizados, rezam ao Divino e descarregam suas armas, encerrando o Império.

     Anunciando a abertura das Cavalhadas pelas ruas da cidade, no sábado, bem como durante, no intervalo das encenações, os Mascarados, ou Curucucus, dão um ar brincalhão à festa, fazendo algazarras com suas roupas extravagantes e máscaras enfeitadas, tanto a cavalo, também enfeitados, como a pé, numa manifestação de alegria e uma maneira de espantar os maus espíritos. Os Mascarados estão presentes em todas as cavalhadas realizadas no Brasil; quanto à origem: acredita-se ser africana, porém, a máscara de boi é típica de Pirenópolis.

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Adriano Curado