terça-feira, 20 de novembro de 2012

Elogio a Pirenópolis




     No último fim de semana de outubro, viajei a Pirenópolis para o famoso Canto da Primavera. A cidade estava lotada, de gente e de carros estacionados. As ruazinhas do centro histórico da urbe: todas repletas de visitantes e moradores. Na célebre Rua do Lazer, que congrega vários bares e restaurantes, era difícil transitar. Se bem que ali, o melhor a fazer é sentar logo numa mesa e bater papo com os amigos, bebendo algo e puxando um tira-gosto. Ruazinha esta das mais aprazíveis da cidade.


     No sábado da festa, dentre as diversas atrações desse dia, assisti ao show da Velha Guarda da Portela, no Campo das Cavalhadas. Um bonito espetáculo, cheio de sambas que animaram o grande público, e teve como ponto alto as canções do Cartola, por cuja obra guardo dileto apreço. São notórias a grandeza desse festival e sua vasta gama de eventos culturais, mas o principal desígnio desta crônica é falar sobre as impressões que tive da própria cidade de Pirenópolis.


     A antiga Meia Ponte está um primor! Quando cheguei à cidade, já senti prenúncios de encantamento... Pisei o chão pirenopolino, e fui enveredando por uma formosa rua, que desembocaria no largo da Matriz. Cheguei já pelas oito da noite, e os lampiões acesos fulguraram meu caminho, com uma luz serena, constante, saudosista, avivando a face de antanho do casario. Fui caminhando, penetrando o centro histórico da cidade dos Pireneus e apreciando os casarões seculares... Não requerem reparos. Todos muito lindos, deveras bem cuidados, como que pintados à mão. As paredes sem qualquer mancha ou rabisco de vandalismo. As portas e janelas são em cores vivaces, que se harmonizam no conjunto das casas.


     Para o turista, Pirenópolis é um aconchego. O visitante se sente em casa. Parece que cada cantinho da cidade se lembra de estar sempre bem cuidado para quem ali vai conhecer. Todo pedaço do centro histórico convida o viageiro a se achegar, a se acomodar, ficar alguns dias, desbravar os enlevos daquele rincão... E quantos enlevos! Vão desde as guapas casas centenárias até as maravilhosas cachoeiras, passando-se pelas alvas igrejas e pela majestosa Fazenda Babilônia – cujo colossal casarão ratifica sua grandiosidade no café da manhã colonial, cheio de opulenta delícia a fartar os olhos e o paladar.


     A capital das cavalhadas possui uma infraestrutura turística invejável. Oferece ampla rede de excelentes pousadas e hotéis, com atendimento de alta qualidade. Há muitos bons restaurantes e bares, inúmeras lojas de artesanatos nativos, além de museus, casarões, igrejas e opções de ecoturismo. É abundante a informação visual ao turista, que se direciona segundo as diversas placas distribuídas por toda a cidade, não sendo difícil encontrar as atrações que procura. Além disso, há cestos de lixo por todo o centro histórico, de modo que está sempre limpo. Sequer vi lixo nas ruas. Os lampiões, que conferem matizes do passado à pequena cidade, ficam todos acesos. Não consegui ver nenhum quebrado ou apagado. São igualmente iluminadas as velhas igrejas, valorizando ricamente os seus semblantes, durante a noite. Até o Rio das Almas recebeu especial iluminação, vinda da ponte.


     Por oportuno, faço um aparte. Entendo que não deve haver rixas entre Pirenópolis e Cidade de Goiás. São cidades irmãs. Assim, têm de andar de mãos dadas, abraçadas. E eu – amante de Vila Boa – estou também me apaixonando por Meia Ponte. Devo, ainda, reconhecer: a Cidade de Goiás muito tem a aprender com sua mana, em termos de turismo e de zelo com o nosso patrimônio histórico-cultural. Aliás, as cidades históricas do nosso Estado, no geral, devem voltar os olhos para Pirenópolis, apreciar a sua preservação, aprender o esmero dispensado por seus habitantes, espelhar-se, enfim, em seu belo exemplo.


     Depois dos shows, fui dormir de madrugada, e acordei cedo no derradeiro dia de Canto da Primavera... Dá saudade ao ir embora de Pirenópolis. Saber que voltaremos é o que nos consola...


(Crônica publicada no Diário da Manhã em 19-11-2012.)


*Rafael Ribeiro Rubro, nome literário de Rafael Ribeiro Bueno Fleury de Passos, é escritor, poeta, cantor e compositor. Colaborador do jornal “O Vilaboense” e articulista do “Diário da Manhã”. Membro da OVAT (Organização Vilaboense de Artes e Tradições) e da UBE - Seção Goiás (União Brasileira de Escritores), e acadêmico da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Goiás - campus Cidade de Goiás. (rafaelrpassos@hotmail.com).


4 comentários:

  1. Esse texto conseguiu resumir a alma da cidade de Pirenópolis e expôs a visão que um visitante tem. Impressionante. Meus parabéns.

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  2. bom dia meu nome é Leila , vim aqui pois sigo seus Blogs, e adoro o interior do nosso país, sou publicitária e resolvi conhecer Pirenópolis.
    sobre o ano novo em Pirenópolis, os "novos" turistas que a cidade estava recebendo nesta data.
    Quero passar o ano novo para visitar as cachoeiras, passear pelo centro histórico, conhecer o artesanato (que é uma paixão por onde eu passo), e a noite ouvir uma boa musica (até gosto de um agito).
    Como vi que pelo seu gosto pela cidade e seu conhecimento do local resolvi te escrever para perguntar, se algo foi feito em relação aos carros com musica altas, e se eu vou me assustar no ano novo. (na verdade não espero uma cidade vazia), mas espero uma cidade com policiamento e segurança.

    Pode me dar sua opinião?

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  3. Matéria muito bem escrita, que descreve com elegância essa linda cidade de Pirenópolis. Parabéns ao site por publicar tão encantador texto.

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Adriano Curado