quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Reflexão sobre trânsito

Mato, lixo e pichação .


     Quem trafega pela GO-338, entre Pirenópolis e Planalmira, depois que passa o posto da Polícia Rodoviária Estadual é surpreendido em uma curva com placas de 60 km. E o pior é que lá sempre está um veículo do Detran de Goiás com radares móveis, prontos para multar os motoristas.


A primeira placa de redução de velocidade na saída da curva, escondida pelo mato


     Esse fato não mereceria atenção, caso a baixíssima velocidade tivesse razão de ser e o motorista fosse avisado com razoável antecedência. O sujeito está a 110 km/h (se não há limites, essa é a velocidade máxima permitida) e tem que frear abruptamente para não ser multado.


Logo após a curva, lá está a placa de 60km/h 

     E o pior de tudo isso é que não há uma razão lógica para se transitar a 60 km/h naquele trecho. Não se trata de zona urbana, ainda não se chegou ao trevo e nem há travessia de pedestres no local. Cadê o estudo técnico para comprovar a necessidade dessas placas de sinalização?


Mato e pasto dos dois lados 

     A respeito, republico interessante artigo publicado no jornal Folha de Londrina:

"O poder público não pode instalar equipamentos de fiscalização eletrônica de trânsito nas cidades antes de um estudo técnico que comprove essa necessidade. O fundamento da nova ordem é que o motorista deve ser informado sempre que existirem os pardais, e a cobrança de multa só terá validade onde houver a sinalização indicativa na rua. Com efeito, esse equipamento não pode converter-se num captador de multas e sim prevenir o condutor de veículo, de forma a evitar acidentes. Assim, contempla-se a segurança dos cidadãos ao invés do propósito de arrecadação.

O próprio ministro das Cidades faz menção às queixas dos motoristas sobre a indústria de multas, daí a determinação agora baixada, que inibe a eventualidade de esse abuso oficial ocorrer - e quanto a isto há forte indicativo de que ocorra, porque as reclamações são generalizadas, em todas as cidades, a ponto de preocupar o Ministério das Cidades. Mais que isto, a medida impõe um freio na predisposição do poder público para instalar pardais a torto e a direito, quando um bom sistema de sinalização seria suficiente. O ministro Márcio Fortes vai direto ao ponto ao declarar que o objetivo é ''reprimir a ocorrência de infrações'', por meio da inibição que os mecanismos preventivos criam, e não instalá-los como armadilhas para multar infratores. O Ministério informa que está investindo em campanhas educativas do trânsito e demonstra que, se o condutor deve ser conscientizado, também os órgãos públicos pertinentes precisam fazer a sua parte. E essa parte é fundamental, porque se o motorista comete infrações, o sistema regulador do trânsito não tem ficado atrás em negligências."
(Editorial. Boas normas do Contran para poder público. Folha de Londrina. Paraná. 26 set. 2006.)



Zona rural sem travessia de pedestres

     No caso de Pirenópolis, há o claro indicativo de que se deseja surpreender o motorista, pois a primeira placa de abrupta redução de velocidade aparece de surpresa no final de uma curva e está escondida pelo mato. Cadê o caráter educativo? Por que o motorista tem que trafegar tão lentamente onde só há matagal?

     É preciso que a população pirenopolina provoque uma discussão sobre a sinalização de trânsito no entorno da cidade. Através do debate pode-se chegar a ações justas e eficientes.

Adriano César Curado


Carros surgem na curva e são surpreendidos



Placas dentro do mato

7 comentários:

  1. Eu já levei uma multa nesse lugar justamente porque não deu tempo de parar. Quando a gente sai da curva já dá de cara com o pardal. Isso é ruim para Pirenópolis. Uma pegadinha de mal gosto que pune sem educar.

    Sua postagem é perfeita, como sempre.

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  2. É não tem mesmo sentido a aplicação de multa num lugar daquele. Eu já passei por lá várias vezes e não vi realmente o porquê das placas de sinalização.

    Adriano, é disso que gosto no seu blog, você abrange de tudo um pouco.

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  3. É mesmo um absurdo colocarem esses radares depois da curva só para multar os motoristas. Já faz tempo que a mentalidade dos agentes de trânsito deveria ter mudado. Corajosa sua postagem, meus parabéns.

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  4. Muito triste ver o Estado jogando contra os cidadãos que deveria proteger e orientar. Dizem que o maior infrator das leis é o próprio Estado e isso está corretíssimo. Esta sua postagem bem sintetiza o problema. Em vez de os gestores públicos cuidarem da melhoria das condições de trânsito, agem no intuito de arrecadar cada vez mais. Parabéns pela singular postagem.

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  5. Essa falta de critérios infelizmente atinge a administração pública como um todo. É o estado constituído que pouco se importa com o povo, sua prioridade é outra, esquecendo-se dos preceitos da Constituição Federal.

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  6. Eu não concordo com multas, acho-as pornográficas. Mas se elas existem, então que pelo menos haja um motivo para aplicá-las e uma pré-campanha de conscientização. Do contrário, não vivemos em um Estado Democrático de Direito.

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  7. Absurdo dos absurdos. E ninguém faz nada?!

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