sábado, 25 de janeiro de 2014

Foto histórica


Da direita para esquerda: Antonio Afonso, Luiz Armando, Antonio Eli de Oliveira, João da Trindade Curado, Padre Primo, Luiz Carlos Cardoso, Pedro Godinho, Valdo Lucio Cardoso, Marinho. Agachados: Lelê, Aloisio Curado e Henrique Curado.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Na ladeira do Rosário



Hoje pela manhã, ao ver um vistoso e bem tratado cavalo que puxava uma carroça, lembrei-me de um triste acontecimento da minha infância. O fato ocorreu na ladeira da rua do Rosário, quase em frente ao prédio onde atualmente está a Pousada das Cavalhadas. Naquele tempo a rua era de mão dupla, podia-se tanto subir quanto descer.

Era por volta de meio-dia, sol a pino, arregalado no céu azulado de junho, quando vi uma cena que muito me chocou. Subia a ladeira uma carroça atulhada de areia molhada, quando o velho e magro cavalo não aguentou o peso. Ofegante, trêmulo, assustado, o animal tentava desesperado mover a carroça, mas suas rodas pareciam chumbadas nas pedras do pé-de-moleque.

Enquanto isso o chicote estalava, gritos, urros, ameaças. Em vão. E o pior é que a carroça começava a descer de ré, embora seu proprietário tivesse as duas mãos em uma das rodas. Também assustado, ele saltou para os lados, catou uma pedra e travou a roda. Neste exato instante, o cavalo desabou. Tremia bastante, como se sentisse frio, estava em choque.

Ao ver aquilo o carroceiro se desesperou, afinal, aquele era seu patrimônio. Então foi até a loja do Ézio buscar água. Voltou com um balde cheio que derramou aos poucos na cabeça do bicho. Desafivelou as correias, a carroça empinou e derramou toda a areia ladeira abaixo. Já livre das amarras, o cavalo começou a respirar melhor, embora ainda não reagisse a estímulo algum. Trabalhava ininterruptamente desde as seis da manhã, estava com fome e com sede o coitado. Era um animal já velho, seus músculos cansados não podiam com aquele esforço todo.

Eu fiquei ali parado, estarrecido, grudado ao muro da casa de João Basílio. Observava o povo que começou a juntar em volta da cena, palpiteiros de todos os calibres e tons de voz. Um policial apareceu e se ofereceu para sacrificar o bicho com um tiro de trinta e oito. O carroceiro dizia que não, que o cavalo estava acostumado a desmaiar assim, que logo ele se levantaria etc. e tal. Mentia, obviamente, para tentar amenizar seu prejuízo.

Não foi preciso o policial matar o cavalo, ele voltou do torpor e levantou a cabeça. O carroceiro desabou como se o chão houvesse sumido debaixo dos seus pés. Olhava para seu companheiro de labuta com os olhos umedecidos, como se só naquele instante se desse conta do laço afetivo que os unia. Comprara o animal ainda potro, labutavam juntos há muitos anos, mas só há pouco optara por vender areia do rio das Almas. Para sua infelicidade, a ladeira do Rosário era íngreme demais.

Trouxeram um bornal com milho debulhado, água fresca num balde, e o homem só faltou tapar o sol com um guarda-chuvas. Não fiquei lá para ver o desenrolar da história, mas soube que, horas mais tarde, o cavalo se recuperou e foi embora sem puxar a carroça ou servir de montaria.

Tantos anos já se passaram e eu ainda me recordo daquela cena na ladeira do Rosário.

Adriano Curado

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Francisco Inácio da Luz

SÉRIE: PATRONOS DA APLAM
FRANCISCO INÁCIO DA LUZ
Academia Pirenopolina de Letras, Artes e Música


Francisco Inácio da Luz (Pirenópolis 21.02.1821 – 27.08.1878) foi músico, compositor, instrumentista, regente, pintor, escultor, inventor e marceneiro.

Filho do professor e grande musicista José Inácio do Nascimento e de Ana da Glória, que era filha do padre Francisco Inácio de Faria Vivas, estudou com o pai o curso primário. Depois estudou humanidades no colégio do padre Manuel Pereira de Sousa e teve como colegas os irmãos André e João Augusto de Pádua Fleury e o padre José Joaquim do Nascimento.

Depois disso, resolveu seguir a vida eclesiástica e, em 10.03.1844, ordenou-se na Cidade Goiás pelo bispo Dom Francisco Ferreira de Azevedo. Como patrimônio de dua ordenação, recebeu de doação de seus pais, em 18.08.1843, o casarão que está localizado bem em frente à Matriz.

Padre Francisco era capelão do Carmo

No ofício de sacerdote, foi coadjutor de seu primo, vigário José Joaquim do Nascimento, e também capelão da capela filial da Igreja do Carmo. Aproximadamente onde hoje está a Aldeia da Paz, ele edificou um sobrado. Em 1870, tornou-se capelão provisório de Santana das Antas, hoje Anápolis, e quando o local se tornou uma freguesia (06.08.1873), continuou como seu pároco até 11.03.1875, ocasião em que, sendo desrespeitado por pessoas da sociedade anapolina, voltou para Pirenópolis.

Jarbas Jayme o define assim: “Bom marceneiro, hábil mecânico, pintor exímio e musicista renomado. Nos arquivos musicais de Pirenópolis, encontram-se belíssimas e extraordinárias produções desse grande discípulo da Euterpe.” O mesmo autor conta interessante causo a seu respeito: “Fez um realejo que causava admiração aos que o ouviam. Tivemos ocasião de falar com pessoas que conheceram dito instrumento, de entre elas, o major Silvino Odorico de Siqueira, discípulo do padre Francisco.” (Jayme, Famílias, p. 331.)

Segundo Braz de Pina, durante sua época de estudante Francisco Inácio da Luz foi para o Rio de Janeiro e lá teve contato com os grandes expoentes da música da época. A capital do Brasil estava em efervescência cultural e muitas eram as novidades vindas da Europa. Ao retornar à sua terra natal, trouxe músicas sacras, teatrais etc., novidades que lecionou a seu brilhante irmão Antônio da Costa Nascimento, que passou a executar com perfeição flauta, clarinete e saxofone. (Pina, p. 8.)

Na casa da esquerda morou padre Francisco.
Foto de Arnaldo Lobato
Por volta do ano de 1858, Francisco Inácio da Luz fundou a segunda orquestra de nossa cidade. A primeira foi criada pelo Vigário José Joaquim Pereira da Veiga uma década antes. A segunda orquestra era composta por: flauta, Antônio da Costa Nascimento; 1° violino, Francisco Inácio da Luz; 2° violino, Teodolino Graciano de Pina; clarinete, José Inácio da Cunha Teles; violoncelo, José Inácio do Nascimento Júnior; e oficleide, José Rafael da Cunha Teles. (Jayme, Esboço, p. 247.)

Por contar com talentosos artistas, a segunda orquestra foi maravilhosa. Executava trechos das óperas dos compositores da moda na época, como Vincezo Bellini (1801 – 1835). Na interpretação de árias religiosas, contavam com o valoroso apoio dos irmãos Braz e Teodoro de Pina, que cantavam esplendorosamente. Quando se mudou para Santana das Antas, Francisco passou a direção da orquestra a seu irmão Tonico, que por ser homem de difícil trato, levou-a ao fim, quando dela se afastaram os músicos.

Tonico do Padre, irmão de padre Francisco

Com Maria Francisca de Almeida, filha do capitão Manuel Joaquim de Almeira e Ana Maria da Conceição, teve sete filhos: Francisco Inácio da Luz (Chiquinho do Padre), Querubina Francisca da Luz, Ana Francisca da Luz, Benedita Francisca da Luz, Bárbara Generosa da Luz, Guilhermina Francisca da Luz e Rosa da Luz Nascimento. (Jayme, Famílias, p. 332/333).

Foi também bom marceneiro, mecânico, pintor exímio e renomado musicista. Foi o fundador da Banda de Música Euterpe, para a qual aproveitou instrumentos remanescentes da velha banda da Guarda Nacional, de Joaquim Alves de Oliveira.

Francisco Inácio da Luz, ao estudar música com mestres cariocas, mudou a história cultural de Meia Ponte. A partir dele, a evolução musical de nossa terra foi intensam, com modernização harmônica e atualização de temas. Por tudo isso, é Patrono da Cadeira n° VI da Academia Pirenopolina de Letras, Artes e Música.

Adriano Curado


Bibliografia:

BERTRAN, Paulo (org. e ed.). Notícia Geral da Capitania de Goiás em 1783. Goiânia:
Universidade Católica de Goiás, Universidade Federal de Goiás; Brasília: Solo Editores, 1996.
JAYME, Jarbas. Cinco vultos meiapontenses. Goiânia, Edição Revista Genealógica de São Paulo.
1943.
___. Esboço Histórico de Pirenópolis. Goiânia, Editora UFG, 1971. Vols. I e II.
___. Famílias Pirenopolinas (Ensaios Genealógicos). Goiânia, Editora Rio Bonito, 1973. Vol. II.
MARCONDES, Marcos. Enciclopédia da Música Brasileira. São Paulo: Publifolha, 1998.
LUDOVICO, Thaís Lobosque Aquino. UNES Ludovico. Um artista no sertão. 2006, dissertação de mestrado. Revista UFG.
MENDONÇA, Belkiss Spencière Carneiro de. A música em Goiás. 2. ed., Goiânia, Editora da
Universidade Federal de Goiás, 1981.
PINA, Braz Wilson Pompeu de. Antônio da Costa Nascimento (Tonico do Padre), um músico no
sertão brasileiro. Revista Goiana de Artes, Instituto de Artes da UFG. Vol. 7, N 1º – jan./Dez. De
1986.
PINTO, Marshal G. Da missa ao Divino Espírito Santo ao Credo de São José do Tocantins.
Dissertação de Mestrado apresentada na Escola de Comunicação e Artes da Universidade de
São Paulo. São Paulo: 2002
SAINT-HILAIRE, Auguste de. Viagem à província de Goiás. Tradução de Regina Regis Junqueira,
prefácio de Mário Guimarães Ferri. Belo Horizonte, Editora Itatiaia; São Paulo, Editora da USP,
1975a.
___. Viagem às nascentes do rio S. Francisco. Tradução de Regina Regis Junqueira, prefácio de
Mário Guimarães Ferri. Belo Horizonte, Editora Itatiaia; São Paulo, Editora da USP, 1975b.

Site:


* * *

História de uma árvore




     "D. Conceição, primeira esposa de João Basílio, de volta de uma de suas viagens, trouxe para meu avô, Sebastião Basílio, uma semente que ela pegara em uma visita ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Ele a plantou e o resultado é esse encanto de árvore que vocês estão vendo. Quando ela alongou seus galhos para a rua e se cobriu de flores, as pessoas pediram a meu avô que lhes desse semente ou muda. Bem que ele tentou, mas nunca conseguiu reproduzir outra árvore dessa. Então, hoje, mais ou menos meio século depois, eu quero multiplicar a imagem dela, compartilhando com vocês a foto desta filha do jardim de D. João VI!Edna Ferreira

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Imenso e frio mercado



Esta foto tem 86 anos, foi tirada em 1927, na Festa do Divino de Aristhel Jacinto da Silva. O motivo de postá-la aqui é fazer um comentário. O casarão que está todo enfeitado já foi importante, residência de pessoas ilustres, mas é hoje apenas uma galeria de lojinhas e também um hotel. A imagem noturna do local dá bem uma noção de como é na atualidade.

Quando a cidade deixa de ser tão-só histórica e se torna também turística, perde aos poucos a identidade, vai-se transformando em cenário. O exemplo maior disso é Caldas Novas.

O plano diretor é importante para se delimitar o que pode ser comércio ou residência. Se isso não ocorrer, o Centro Histórico se tornará, aos poucos, um imenso e frio mercado.

Adriano Curado




Cachaça do Altino

 

 

Final de semana é muito bom, e fica melhor ainda quando surge um programa diferenciado. Fomos a Corumbá de Goiás conhecer o alambique do Senhor Altino, que fabrica a melhor cachaça da região. Seu produto provêm da cana-de-açúcar e da jabuticaba, e é muito saboroso. Desce macia, não sapeca a goela. Traiçoeira!


Ele tem 95 anos de idade, está bem lúcido e ainda ativo, pois supervisiona toda a produção da bebida, desde a plantação da cana até a destilação. Gosta de contar histórias antigas mas também é atualizado.

Mora em um casarão de grossos esteios de aroeira e adobe, e conta:


Meu avô construiu esta casa. E para você ter uma noção da idade dela, eu não conheci meu avô”. Depois completa: “Eu tenho orgulho de dizer que durmo no mesmo quarto onde nasci.”


Para chegar lá não é fácil, melhor ir com alguém que conheça o trajeto. Tem um cachorrão para recepcionar os recém-chegados e outro, bem menor e desavergonhado, que abre as pernas sem cerimônia alguma.


"Seu Altino, esse cachorrão aí morde a gente?" – pergunto preocupado.

"Claro que morde, ele tem dentes!" – responde com uma risadinha divertida enquanto prende sua fera.


Assim que se chega, ele estuda a gente por um tempo, indaga coisas, como bom matreiro que é. Mas quando lhe contei que sou da vizinha Pirenópolis, seu sorriso se abriu, e muitas histórias antigas foram contadas. Eu filmei, para não perder o costume.


Ainda não tenho sua ampla confiança, algo assim que me permita visitar o alambique. Mas pretendo voltar lá, agora com alguém da cidade, e assim conseguir andar por toda a região.

Adriano Curado



Casarão Serra do Ouro









Festa da Família Fleury-Curado


A festa da família Fleury-Curado acontecerá em Corumba de Goiás, no Hotel Fazenda Recanto dos Bandeirantes, no dia 03/05/2014.

O ingressos poderão ser comprados através dos seguintes contatos:

Goiania: - Erika Loiola Gonzaga Brandão (62) 9674 8960
Goiânia: - Leandro V Jardim (62) 9928 6352
Goiânia: - Marcus Fleury (62) 9638 8018 e 30925400
Goiânia: - Elizabeth Fleury (62) 81925553 e 30914270
Goiânia: - Dino Fleury Curado (62) 96733248
Goiânia: - Maria Delcy Fleury (62) 84276544
Brasilia: - Mariani Fleury (61) 8114 9095 
Anápolis: - Ana Ruth Flery Curado (62) 84057285
Corumbá: - Ana Ruth Fleury Curado (62) 84057285


Valor do por pessoa ingresso: R$ 100,00

Observações:
1 . Os ingressos serão vendidos somente até 2 dias antes do evento.
2 . Não haverá venda de ingressos no local.
3 . Os ingressos são personalizados e individuais.
4 . Poderá haver alterações futuras no valor do ingresso.



sábado, 4 de janeiro de 2014

Instante único


Hoje, quando voltava de Anápolis para Goiânia, o dia já estava no fim e eu seguia na direção do poente. Não sei direito descrever paisagens. Quando são magníficas, penso, são sempre indescritíveis. Sei que um laranja estava derramado no céu. Montes bailavam sobre a Terra, cores outras, furtivas, entrecortavam o firmamento. Eu observava, extasiada quando avistei uma represa. Sobre as águas paradas, repousavam toda a sorte de cores da euforia crepuscular. Naquele instante único, eu fui plenamente feliz. Acho que a felicidade pode ser isso, um raio colorido de luz sobre as águas represadas dos sonhos. Só pode ser isso.

Nara Rúbia Ribeiro

Por detrás das lentes