terça-feira, 24 de junho de 2014

Os 20 anos da morte do maestro Braz de Pina

Braz Wilson Pompêo de Pina Filho e Maria Augusta Calado. 

"Para muitos, a morte é uma cortina de sombras e de esquecimento definitivo. Para outros, apenas uma passagem em que nos afastamos dos entes queridos por um tempo determinado. Para esses, a essência do que fizeram e as coisas que amaram, permanecem para sempre. Assim o foi com o admirável e inesquecível músico goiano Braz Wilson Pompêo de Pina Filho.

Sua vida correta, honesta, direita, proficiente e culta ao bem de Goiás será a marca de sua presença entre nós. Presença tão curta, mas significativa sob todos os pontos de vista.

Sua terra natal, a bela Pirenópolis, berço da música, jamais o esqueceu, por certo; assim como todos nós, goianos, temos com o maestro uma dívida perenal, no sentido de que o muito que fez e pesquisou, abriu horizontes para a música goiana não só aqui, mas também em outros rincões.

Braz de Pina era um homem que trazia no sangue o amor à arte de Euterpe. Seus ascendentes, assim como ele, também se afeiçoaram aos sons. Meia Ponte era uma seara de músicos admiráveis.

Seu nome, com brilho incomum, conseguiu divulgar a música pirenopolina, com todo o encanto e com toda a graça, fazendo-o um homem inesquecível.

Que Deus, por seus anjos benfeitores, o tenham acolhido depois de tão pertinaz enfermidade, ceifando-o de nosso convívio tão cedo. Toda e qualquer imagem de sofrimento ou tristeza seja dissipada porque ele alcançou horizontes possíveis na paz imensurável de seu grandioso coração.

Braz de Pina mora na ternura e na saudade de todos nós, que tivemos a honra de conhecê-lo. Um homem admirável!

Éramos menino ainda, e ele nos dava atenção e respeito. Um professor cuidadoso e aplicado. Ensinava com gosto a arte musical. Pena que a enfermidade tenha encerrado a possibilidade de com ele aprender a arte da música.

Desapareceu tão cedo que, hoje, não teria ainda 70 anos de idade! Deus o chamou a si aos 48 anos. Há 25 anos passados fui seu aluno, e, tinha apenas 18 anos. Como o tempo passou depressa, hoje aos 43 anos de idade, relembro meu admirável mestre por curto tempo.
Braz Wilson Pompêo de Pina Filho nasceu em Pirenópolis, Estado de Goiás, em 03 de janeiro de 1946. Ali fez seus primeiros estudos. Mais tarde, já em Goiânia, cursou Jornalismo pela Faculdade de Comunicação da UFG. Graduou-se em Música, Canto e Piano ainda pela UFG.

Também Braz de Pina especializou-se em Novas Técnicas de Ensino Pianístico, em Contraponto, Composição e Regência. Tornou-se, então, um artista completo e maravilhoso. Dirigiu a Orquestra de Câmara Oitocentista. Pelo seu talento multiforme, tornou-se Diretor, Criador, Regente Titular também da Orquestra Sinfônica de Goiás.

Atuou muitos anos no Jornalismo de Goiás, escrevendo matérias sobre passagens interessantes de nossa vida cultural. Também, passou a lecionar no Instituto de Artes da UFG onde deu vazão a seu espírito de pesquisa e de ensinamento. Ali trabalhou com dinamismo e eficiência, de 1974 a 1992.

Ingressou ainda como membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás e foi premiado com o Troféu Tiokô da União Brasileira de Escritores pelo seu magistral trabalho como pesquisador da área da música.

Publicou o livro Goiás, história da imprensa, no ano de 1971, ainda bem jovem, pela Editora Oriente. Participou da gravação de vários discos de vinil, na época, como o Primeiro recital de compositores goianos, do qual foi regente; Cantos de natal, e, também, fez a trilha sonora do filme goiano Índia, a filha do sol, nos anos de 1980. Publicou ainda O Barroco em Goiás; Enciclopédia da Música Brasileira e O cancioneiro de Armênia. Publicou importantes trabalhos na Revista do Instituto de Artes da Universidade Federal de Goiás.

Era um homem sereno e dotado de rara energia para o bem e para o conhecimento. Seu nome jamais será esquecido por aqueles que, como ele, amam um ideal superior e entendem que a vida está acima do imediatismo dos teres e haveres e do frio laconismo hoje, da relações.

Vivemos num geração sem saudade. É uma pena a nova geração em grande maioria não conhecer Braz de Pina e seu legado. Mas que de tudo fique um pouco, que é, senão, a ternura e o afeto em poucos corações.

Braz de Pina faleceu em Pirenópolis em 14 de março de 1994, há exatos 20 anos. Que seu nome seja sempre lembrado como um dos ilustres pirenopolinos que, pelo talento, entrou na seara da história goiana.

Adeus meu mestre!"

Bento Fleury (Bento Alves Araújo Jayme Fleury Curado). Graduado em Letras e Linguística pela UFG. Especialista em Letras pela UFG. Mestre em Letras pela UFG. Mestre em Geografia pela UFG. Doutorando em Geografia pela UFG. Professor. Pesquisador. Poeta. bentofleury@hotmail.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Minhas leitoras e meus leitores, ao comentarem as postagens, por favor assinem. Isso é importante para mim. Se não tiver conta no Google, selecione Nome/URL (que está acima de Anônimo), escreva seu nome e clique em "continuar".

Todas as postagens passarão por minha avaliação, antes de serem publicadas.

Obrigado pela visita a este blog e volte sempre.

Adriano Curado