quinta-feira, 18 de setembro de 2014

As memórias de João José de Oliveira

Após diversas mudanças de endereço, minhas coisas ficaram guardadas em caixas empilhadas. Esta semana, com mais folga de tempo, resolvei abrir algumas delas para ver o que tinha dentro. Foi então que encontrei uma preciosidade. Acondicionadas em um caixote de ferro, longe de qualquer fonte eletromagnética, estavam anos de gravações de entrevistas em velhas fitas cassete. São muitos os depoentes, mas a maior quantidade de material é do João José de Oliveira, cerca de dez horas, onde ele abre o livro da história goiana e se dedica a comentá-lo.

Morto com quase cem anos de idade (12.6.1907 - 19.05.2005), João José vivenciou o século XX como poucos e me doou boa parte de sua sabedoria. Fomos muito amigos e ele frequentou minha casa por anos. Eu tomava o cuidado de gravar seus assuntos intermináveis, pois sabia que um dia teriam valor. Isso foi há quase vinte anos atrás.

João José de Oliveira era muito popular em Pirenópolis por conta de sua lucidez e também inteligência. Nunca inventava nada. Se não sabia, não opinava. Quando ainda criança, ele vendia quitandas na rua e gostava de ouvir o que os antigos contavam. Com o tempo, criou um repertório histórico de dar inveja a muita gente.

Recentemente comprei um aparelho eletrônico que lê as fitas cassete e converte seu conteúdo em arquivo mp3. Aos poucos eu copio as fitas e gravo num pen drive que ouço no som do carro. Viajo com a voz forte e firme de João José na narrativa dos causos pirenopolinos. Na gravação de hoje ele me conduziu pela cidade na primeira metade do século XX e comentou sobre os moradores das casas daquele época. Cada história!

Minha intenção é digitalizar os depoimentos e transformá-los em livro. Algo simples, apenas o registro da oralidade, para servir de fonte de pesquisa para futuros historiadores e estudantes. Mas por enquanto eu me delicio com essas histórias sem igual.

Adriano Curado

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