quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Ensaio cultural sobre Pirenópolis

Pirenópolis pode se gabar dos grandes vultos que colaboraram para o enriquecimento da sua história, e também da goiana, como um todo. Mencionarei apenas alguns: Jarbas e José Jayme; Joaquim Alves; padres Gonzaga e Simeão; Veiga Valle; Tonico do Padre; Senador Gonzaga Jayme; os maestros Propício de Pina, Luiz de Aquino, Silvino e Vasco de Siqueira; dr. Brandão; Sebastião Pompeu; coronel Sá; professor Ermano; João José de Oliveira; Gedeão, Armênia e Elfrida de Siqueira; Joaquim Pompeu; José Assuério; Maria de Beni; Irnaldo Jayme; os Braz de Pina (pai e filho); Emílio de Carvalho; Tãozico Pompeu; Zezinho Dentista, Soném, Seu Moço e Nenzão; os Pina d’Abadia: Lulu, Geraldo e José.

Mas a cidade de Pirenópolis perdeu recentemente grandes colaboradores da manutenção de sua cultura. Quero citar aqui, com o perdão dos prováveis esquecimentos, as Itas, a Lopes e a Pereira; a Vera Siqueira; o Pompeu de Pina; o Bastião de Chica; a dona Santinha e o Alaor de Siqueira. Isto para mencionar apenas aqueles que há pouco se mudaram para outra dimensão. Teve também a Maria Bizé; o dr. Joaquim Lopes; a Maria Eunice; a Celuta Mendonça Teles, o Arnaldo Setti; a Naziam Brandão; o Isócrates de Oliveira; o Zé Reis; o Israel de Aquino; o Bidoro, a Marlene Fleury; o Clóvis Gomes e muitos, muitos outros.

Esses são os que se foram e deixaram seus nomes gravados na história de nossa terra. Uns se destacaram nas artes, outros no apoio à cultura e alguns foram ativistas, mas o que todos têm em comum é a doação de tempo, dinheiro ou energia à manutenção do legado cultural de Pirenópolis. São pessoas que fizeram a diferença porque deixaram seus lares, o convívio familiar, perderam dinheiro e até saúde, para que não perecessem nossas manifestações culturais.

E a reflexão a que se destina este ensaio visa incentivar a atual geração a dar continuidade ao feito. Sei que uma nova leva de ativistas culturais se esboça em nossa terra. A Séfora de Pina e o Sérgio Pompeu, por exemplo, assumiram a organização do teatro de revista “As Pastorinhas” e fizeram um trabalho muito bonito no palco. O Gerônimo Forzani dá aulas de música nos diversos instrumentos que toca, talento herdado de seus brilhantes avô (China) e bisavô (Zeco Totó), para os jovens pirenopolinos interessados em aprender. Tem também a Célia de Pina com o Museu das Cavalhadas herdado de sua, Maria Eunice.

Todas essas iniciativas são boas, mas creio que muito mais ainda pode ser feito. Talento nunca faltou à gente da Terra dos Pireneus. Dorme latente na hereditariedade do sangue um infinito potencial artístico que precisa ser exposto à luz da criatividade. Não podemos deixar cair o bastão da história justo na nossa vez, temos que encontrar modos de usarmos nosso potencial individual para agregar valores à nossa cidade. 

Minha preocupação é que estamos cada vez mais expostos à mídia, às culturas alienígenas, aos fatores de aculturação que nos rondam, à tentação de introduzir inovações onde elas não cabem. O registro eficaz de nosso folclore, por exemplo, contribuirá para evitar modificações futuras e até o esquecimento de ritos, como já aconteceu.

Muitas páginas ainda estão em branco no livro de nossa história e há espaço para escrever nele algo tão formidável que lance o nome de seu autor no panteão da imortalidade.

Adriano Curado

7 comentários:

  1. Não se pode cuidar de uma cultura quem não a tem ou quem não a ama. Ela se expressa pela vocação, amizade, amor e relutância. Do futuro, ninguém há de saber, mas sempre haverá aqueles que, sábios como uma majestosa árvore, se apoiarão nas raízes do passado como rumo do futuro. Parabéns pelo texto. Esqueceu de incluir aí o Adriano Curado com seus escritos e registros de grande qualidade.

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  2. Caríssimo confrade presidente, belíssima peça que poderia (eu) chamar de crônica, de reclame, de dissertação... Mas a chamarei, agora mesmo, de um lídimo apelo aos conterrâneos para que se integrem à própria História, dando continuidade ao trabalhos dos que nos antecedem e assegurando aos pósteros o direito de saber quem somos, quem fomos e de onde (e de quem) viemos! Nosso filhos e netos, e os filhos e netos dos nossos amigos e parentes, todos merecem saber, todos merecem dispor de um acervo onde pesquisar, onde localizar e se informar sobre Pirenópolis e sua gente e a improtância dessa (desta) gente na História de nosso Estado, de nossa cidade, de nosso país, das nossas participações na vida pública, como políticos ou artistas, como profissionais que contribuíram (contribuímos) para o bem da sociedade. Este ano, 2015, festejamos o centenário de importantes artistas goianos, em especial de quadro grandes escritores - José J. Veiga (02/02/1915), Eli Brasiliense (18/04/2015), Bernardo Élis (15/11/1915) e Carmo Bernardes (02/12/1915). Eli Brasiliense, de Porto Nacional (hoje Tocantins) viveu em Pirenópolis e aqui se casou, José Veiga e Bernardo, nascidos em Corumbá, têm raízes pirenopolinas e sempre honraram sua origem, e Carmo Bernardes, nascido em Patos de Minas, veio para Goiás aos quatro anos de idade e sempre viveu Goiás, com passagens, na infância e na juventude, por nossa terra, tendo demonstrado - quando da morte de meu avô Luiz de Aquino Alves - um perfeito conhecedor da nossa cidade, de nossos hábitos e talentos, desfiando ante meus olhos e ouvidos, nomes e mais nomes de nossos conterrâneos valorosos, alguns deles citados nas linhas acima.
    Festejemos, também em Pirenópolis, o centenário destes quatro grandes escritores, exemplos a serem seguidos pelas novas gerações desta terra!

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  3. O seu texto é bem escrito e muito criativo. Mas se me permite uma crítica meio ácida, você está devendo bastante para sua cidade. Que tem você feito pelo engrandecimento da cultura pirenopolina? Escreveu alguns livros que não são lá grande coisa (com o perdão da sinceridade) e não se engajou para valer em nenhuma causa folclórico- artístico-cultural. Vejo em você uma grande promessa da literatura nacional, alguém que ainda escreverá livros de verdade e assim atingirá sua glória. Mas por enquanto você é apenas uma “promessa” e nada além. Portanto, no meu sentir, você se amolda bem no grupo daqueles a quem chama à ação. É apenas minha humilde opinião.

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    1. A grande maioria, a quem este chama à ação, como disseste, nem para isso presta. Este homem pode não ser um J.J.Veiga ou um dos comendadores pirenopolinos, mas nos presenteia com um belo acervo de histórias e estórias e nos faz refletir. E, óbvio, nos faz discutir.

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  4. Eu não concordo de jeito algum com a Branca Siqueira. Para mim o Adriano Curado é sim um grande escritor. Eu trabalhava na Agência Goiana de Cultura quando seu livro Travessia foi o primeiro colocado no concurso literário Cora Coralina, promovido pelo Estado de Goiás. Concorreu com mais de duas mil obras. Eu me lembro bem que a novela foi badaladíssima na imprensa porque lembrava demais o Guimarães Rosa com seus “painéis coloridos sobre os sertões em cada um de nós”, conforme publicado em O Popular. Isso foi em 2001. Depois Adriano Curado ficou anos sem publicar nada e voltou à ativa mais recentemente. Eu afirmo que, para ter seu nome registrado na historiografia da literatura nacional, bastava ter escrito apenas Travessia. Li alguns dias atrás sua novela O Tropeiro e adorei o enredo e desenrolar dos personagens. O que falta, Branca, é a valorização do escritor em sua própria casa, é saber estimulá-lo para que produza sempre mais sobre a terra que tanto ama: Pirenópolis. De fato, não tem comendas e nem foi reverenciado como um escritor badalado, mas ainda assim é prata da casa, e prata com bom brilho.

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  5. Eu considero Adriano Curado um grande escritor mas um péssimo agente cultural. Achei que ele fosse um segundo Pompeu de Pina, mas vejo que está mais enganjada em resolver as causas próprias do que cuidar do coletivo pirenopolino. Ele provavelmente crê que sua missão é contar histórias mas está enganado, é tomar o leme de Pirenópolis. Um dia ele ainda vai cair na real.

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  6. Também concordo com aqueles que apontam Adriano Curado como expoente da literatura nacional. Seus textos são ótimos e merecem nosso respeito. Essa questão de ser ou não famoso é só critério de ponto de vista, pois amanhã a Rede Globo filma uma história sua e ele é destaque nacional. Esse texto seu, em especial, é maravilhoso porque dá um puxão de orelha em que sossegou.

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