quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Joaquim Gomes Filho, o trocadilhista

Primeiramente vamos ver um pouco de História que todo goiano sabe ou deveria saber:

1) O que é Goyaz? Se perguntar aos paulistas de onde veio o nome de São Paulo todos saberão responder, assim como os mineiros e os mato-grossenses. Mas, e Goyaz?

Goyaz: guayazes, depois goyazes… Guá= gente, yá= raça. Goyaz: gente de raça, gente amiga, gente companheira…

2) Quem nasceu aqui sempre foi goiano?

Não. Somente são goianos os que aqui nasceram depois de 7 de novembro de 1749, porque antes desta data era Capitania de São Paulo, portanto, paulistas. O primeiro presidente da Província foi o pernambucano Dom Marcos de Noronha, que possuía o título nobre de Conde dos Arcos, daí o Palácio Conde dos Arcos em Vila Boa.

3) E por que Goiânia?

Goiânia é um poema épico referente aos índios goyazes composto de mais de 10.000 versos e por Manuel de Carvalho Ramos, pai do Hugo, quando Juiz de Direito em Torres do Rio Bonito, hoje Caiapônia. De início o nome era a Nova Capital. Em 1936 houve um concurso pelo jornal O Social e o meu professor do Liceu de Goiânia, Alfredo de Faria Castro, com o pseudônimo de Caramuru, venceu o concurso com o nome Goiânia.

Joaquim Gomes Filho – Agora vamos falar um pouco sobre o cunhado de Eli Brasiliense, Joaquim Gomes Fillho, natural de Pirenópolis, o segundo maior trocadilhista do Brasil, o ótimo professor de Português,  Joaquim Gomes Filho, ou apenas Gomes Filho. O maior trocadilhista do Brasil foi Emílio de Menezes e o segundo, sem dúvida, Gomes Filho.

Nasceu em Pirenópolis em 1910. Foi seu pai, Joaquim Gomes da Silva Rocha, e sua mãe, Ana Francisca da Rocha, a dona Nana.

Casou-se em 1939, com dona Reginalda Fleury, dona Nenzinha.

Com menos de 18 anos foi para Uberaba para fazer o Ginásio. Seguiu para São Paulo onde fez o curso comercial no Liceu Coração de Jesus. De São Paulo, para o Rio de Janeiro, diplomando-se pela Faculdade de Ciências Políticas e Econômicas. Do Rio de Janeiro voltou direto para a Cidade de Goiás, onde foi professor no tradicional Lyceu de Goyaz, lecionando Português. Colaborou em diversos jornais, fazendo literatura. Em Goiânia foi diretor do jornal O Social. Este jornal entrou para a história por ter realizado o concurso em 1936 para dar nome à nova capital.

Bom apreciador de cerveja, confiado e sem cerimônia, chegava à turma costumeira de bate-papo e já ia pegando o copo de qualquer um que estivesse bebendo. De uma vivacidade mental fabulosa, bom orador, foi deputado estadual pelo PSD de 1947 a 1951. Também professor de Português no Liceu de Goiânia e diretor do Colégio Estadual Pedro Gomes, no Bairro de Campinas. Aposentou-se como ministro do Tribunal de Contas do Estado de Goiás.

Não sei se terminou o seu livro de memórias com o sugestivo título – Valeu a Pena?

Vamos recordar de alguns de seus famosos trocadilhos:

Estando com um copo de cerveja, fez menção de despejar e disse: Olha aí, nem Pinga, se cair no Chãopanha, não pode Ser, Veja (cerveja).

Disseram-lhe que vão expulsar os padres estrangeiros, e ele atacou: – É para valorizar o Padrenosso?

Por ele ter a cabeça branca, uma senhora lhe perguntou:

– Deu geada na sua cabeça, professor?

– Deu sim, mas só na rama, que a mandioca continua boa.

No governo do Leonino Caiado, alguém observou:

– O senhor está muito bem conservado, mas está com a cabeça branca!

– Acontece que eu sou de agosto e meu signo é leão. Tenho que ter mesmo uma juba leonina caiada.

Viajando de carro para a Amazônia com chuva, ele alegou: Se nós vamos para o Amazonas e aqui Há Lagoas (Alagoas), convém a gente Pará porque o carro que vem atrás pode Ser Jipe (Sergipe).

Na pensão ele pediu linguiça sem pimenta:

– Mas linguiça sem pimenta é sem graça, professor!…

– Olha Sebastiana eu quero a linguiça é pra comer, não é pra rir, não.

Gomes Filho tinha uma chácara na região do Ribeirão Dourados, perto de Aragoiânia, àquela época, Biscoito duro. Certo dia eu vinha da minha indústria na Serrinha com um caminhão de telhas para Brasília. Gomes Filho estava com um saco de limão pedindo carona e subiu em cima das telhas. Chegando ao posto fiscal parei para carimbar a nota e o fiscal perguntou o que ele tinha no saco, respondendo que era limão. Foi  exigido que pagasse o imposto. Pediu um caneco, que canivete ele tinha. Foi cortando os limões e espremendo o caldo no caneco. Assim que terminou, entregou o caneco ao fiscal, que o perguntou o que era aquilo, no que ele respondeu: Fiscal do Consumo! (fiz caldo com o sumo).

Foi assim o formidável homem intelectual nascido, criado e casado em Pirenópolis, que viveu e morreu em Goiânia.

Macktub!

(Bariani Ortencio, escritor – barianiortencio@uol.com.br)

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Adriano Curado