quarta-feira, 25 de maio de 2016

A festa - da tocada na porta da igreja aos pousos














Entardecer





Cai a tarde tristonha e serena
Em macio e suave langor
Despertando no meu coração
A saudade do primeiro amor
Um gemido se esvai lá no espaço
Nessa hora de lenta agonia
Quando o sino saudoso murmura
Badaladas da Ave-Maria

Sino que tange com mágoa dorida
Recordando os sonhos da aurora da vida
Dai-me ao coração paz e harmonia
Na prece da Ave Maria
No alto do campanário
Uma cruz simboliza o passado
De um amor que já morreu
Deixando um coração amargurado

Compositor: Erothides De Campos

A flor e a casa


O pequeno vaso de flores deu um toque singular na casa rosada. Parece até que estamos num jardim natural.

O velho fulião

Aí está ele, o velho Alferes da Folia do Divino, que com abnegação de total entrega se deixa levar pela tradição na busca do esplendor coletivo. Poucos o notam quando, inflada pelos foliões de atalho, a Folia adentra pela avenida principal da cidade. Mas quem tem a oportunidade de acompanhar essa espécie de "irmandade" pelos pousos, de fazenda em fazenda, na cata de donativo para o Imperador, sabe o valor do Roque de Fontes.

Seu semblante já está cansado, sobrecarregado pelas labutas em tantos  anos de devoção ao Espírito Santo. Ele substituiu seu Otávio, que morreu durante a festa há mais de duas décadas. E agora, durante uma semana, os foliões deixam a vida profissional, a família, o  lazer e se dedicam em tempo integral a girar a folia. Só mesmo pela fé inabalável e pela vontade de prosseguir com essa tradição centenária faz com que persistiam, apesar das adversidades.

Adriano Curado

sábado, 21 de maio de 2016

Homenagem a Ita e Alaor


Alaor e Ita de Siqueira, duas saudades. Ela nos deixou há cinco anos e ele foi ao seu encontro, na orquestra do céu, no ano passado. Músicos extraordinários, deixaram na história de Pirenópolis a marca sensível de suas vidas edificantes. A "Serenata Pirenopolina" é digna dos maiores aplausos. São dois ícones da música goiana que não podem ser esquecidos. Numa harmoniosa valsa, bailam no céu, na lembrança da velha Pirenópolis, nas recordações pungentes dos tempos idos... saudades.

Bento Fleury

quinta-feira, 19 de maio de 2016

O colégio na Cavalhadas

Os alunos Colégio Estadual Comendador Christóvam de Oliveira realizaram durante a abertura das Cavalhadas neste ano, um mosaico com a Tocha Olímpica, uma referência ao ano em que as Olimpíadas acontecem no Brasil e também uma lembrança da passagem da Tocha Olímpica por Pirenópolis.
Confira mais informações no Blog do Colégio:

http://christovampiri.blogspot.com.br

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Fotos: Erick Tavares Silva






Gilmar Gomes: 27 anos de banda

Banda de música Phoenix. Agradeço a DEUS, por estar completando 27 anos de participação nesta corporação musical, contribuindo para as nossas belíssimas tradições e marcando presença nos importantes eventos de nossa cidade e também em outros locais. Carregando meu trombone levo junto a obrigação de continuar levantando essa bandeira em respeito à dedicação e incentivo de meu pai Clovis Roberto, meu avô, meu bisavô, enfim, todos que um dia tiveram a oportunidade concedida por DEUS de fazer parte da Phoenix. É sem dúvida um privilégio poder estar junto com vocês.

Gilmar Gomes



Pelo olhar de Tarcisio Felix











A catireiras


quarta-feira, 18 de maio de 2016

Fim de festa

  
Terminou mais uma Festa do Divino de Pirenópolis. Foram dias de intensas comemorações e orações, muitas manifestações folclóricas e culturais. Mas agora chegou ao fim. Restaram por aí os restos de bandeirolas arrebentadas e esvoaçantes. Nada mais. Agora é esperar pelo ano que vem, quando a festa certamente será outra vez revivida, como tem sido há quase dois séculos.
Adriano Curado

terça-feira, 17 de maio de 2016

Último dia de festança

Hoje é o último dia da Festa do Divino de Pirenópolis. Começa a bater um certo desespero na gente, sensação de que esta terça-feira vai correr muito rápido e, quando é fé, já não há mais nada que festejar. O povo vai mais cedo para o Campo das Cavalhadas, quer aproveitar os instantes finais. Tem gente com tamborete e caixa de isopor na cabeça, outros carregam sacolas com as guloseimas, e não faltam aqueles que sobem com as mãos vazias para filar no camarote alheio.

O terceiro dia das carreiras é um torneio alegre e festivo. Tem as argolinhas medievais e tem a disputa de tirar máscaras com espada ou tiro. Mas têm também as belas carreiras da troca de rosas e dos lenços que acenam nossa esperança.

Não tarda e o campo ficará silente, apenas com os esqueletos dos camarotes a nos lembrarem que ali, naquela arena improvisada, celebramos o espetáculo da nossa cultura e revivemos a tradição que herdamos dos mais velhos.

Adriano Curado

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Reinado em Pirenópolis

NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO E SÃO BENEDITO EM PIRENÓPOLIS


O Reinado de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos e o Juizado de São Benedito são festejos de negros escravos do século XVIII, que ocorrem, todos os anos, em Pirenópolis/Goiás durante a festa do Divino Espírito Santo. Não há uma data precisa da junção destas festividades, mas sabe-se  que São Benedito e Nossa Senhora do Rosário são comemorados em Pentecostes desde final do século XIX.


Os referenciais ritualísticos que concorrem para a estruturação desses festejos são obtidos no catolicismo popular, tendo como centro de sua realização dois dias no calendário das comemorações ao Divino Espírito Santo: segunda-feira dedicada a Nossa Senhora do Rosário dos Pretos e terça-feira a São Benedito.


No domingo que antecede o domingo de Pentecostes, após a novena do Divino, tem-se o ritual de benzimento das bandeiras destes dois santos realizado na igreja da Matriz.  Em seguida essas bandeiras são conduzidas por um pequeno cortejo até à Igreja do Bonfim e levantadas nos mastros acompanhadas da queima das fogueiras. Nas manhãs de segunda e terça-feria, após o domingo do Divino, tem-se os cortejos do Reinado e Juizado, as missas e a farta distribuição de “doces” (salgados e/ou doces de frutas) e bebidas, principalmente os licores. Tudo isso acompanhado pelas bandeiras dos santos homenageados, as insígnias (coroas de prata, quadros, prato do andador e as varas de madeira e de prata dos Juízes), Banda de Couro – banda típica do Reinado e Juizado -, Banda de Música, Congada, Congos e os acompanhantes.


O Reinado de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos teve como rei, em 2009, o jovem Apoema Pireneus de Oliveira e como rainha, sua tia Colandi Carvalho Oliveira; o Juizado teve como juiz e juíza do cordão Maurício Imenes e sua esposa Gislene da Trindade Imenes. Estes são os responsáveis pela realização da farta distribuição de “comes e bebes”,  sendo comum ter até quatro comemorações quando rei, rainha, juiz e juíza não têm parentesco ou não se juntam para organizar a recepção  (no caso deste ano foram duas recepções).


As celebrações dos festejos do Reinado e do Juizado em Pirenópolis são configuradas em três momentos rituais, que indicam os lugares de realização da festa: as casas do rei, rainha, juiz e juíza, as ruas por onde os cortejos passam e a Igreja.Na segunda-feira pela manhã, o Reinado saiu da casa do juiz e da juíza de São Benedito e, em cortejo pelas ruas da cidade, buscou o rei e a rainha de Nossa Senhora do Rosário em sua residência. O cortejo ampliado seguiu para igreja da Matriz, onde aconteceu a missa em homenagem à Nossa Senhora do Rosário. Ao final da missa, o cortejo, contando neste momento com centenas de partícipes, foi para a casa do rei e da rainha de Nossa Senhora do Rosário para a festa de distribuição de doces, terminando com a devolução do juiz e da juíza de São Benedito às suas casas.  Na terça-feira o ritual se repetiu homenageando São Benedito e invertendo a ordem dos quadros, pois, foram o rei e a rainha de Nossa Senhora do Rosário que buscaram os componentes do Juizado.


As Irmandades de Nossa do Rosário dos Pretos e a de São Benedito,  compostas em sua maioria por negros escravos e forros, eram as responsáveis pela manutenção e organização das atividades na Igreja de Nossa Senhora dos Pretos – demolida na década de 1940. Para se chegar a rei, rainha, juiz ou juíza tinha que ser aprovado pelas mesas diretoras das irmandades e pagar em ouro, as chamadas jóias, aos santos homenageados. Esses participantes adquiriam ainda o direito a um funeral como o dos brancos e eram enterrados dentro da igreja. Desde a década de 1990 o Reinado e o Juizado são organizados por Geraldo Herculano de Oliveira, filho de Jackson Basílio de Oliveira, que presidiu as Irmandades nos seus últimos anos de atuação – final da década de 1960 - por isso não há sorteios e nem o cumprimento da hierarquia das varas de madeira e prata, que eram decididas pelas mesas diretoras das Irmandades.


Mesmo não existindo mais a igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos e as irmandades, os festejos, na atualidade, continuam ligados à tradição local, contando em sua maioria, com a presença de pirenopolinos que têm identificação individual e até coletiva com o momento. Os partícipes são de diversas classes sociais que, mesmo não tomando parte como atores centrais, rei, rainha, juiz ou juíza,  contribuem para a realização e a ampliação dos festejos.







As imagens são dos festejos de 2009 e foram fotografadas por Tereza Caroline Lôbo.


Texto:   Tereza Caroline Lôbo

              João Guilherme da Trindade Curado


Fontes:

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O Divino, o Santo e a Senhora. Rio de Janeiro, FUNARTE, 1978, 163p.

CURADO, João Guilherme da Trindade, LÔBO, Tereza Caroline. A híbrida religiosidade negra nos festejos do Reinado e Juizado em Pirenópolis-GO. Texto apresentado no V Simpósio Internacional do Centro de Estudos do Caribe no Brasil: Fronteiras em Movimento: África – Brasil – Caribe. Salvador, Bahia. Set/Out – 2008.

LÔBO, Tereza Caroline. A Singularidade de um Lugar Festivo: O Reinado de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos e o Juizado de São Benedito em Pirenópolis. Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2006. 152 p. Dissertação de Mestrado.